Não ter saída é a oportunidade!

Faltam 23 dias! Não parece. O que ouvimos aos quatro ventos, é que tudo de ruim nesse país, é culpa da Copa ou da FIFA. Temos 514 anos de erros, corrupção, preconceito, desmandos e falta de planejamento. A Copa não bateu na porta do Brasil. Politicamente, este país agiu com tanto sucesso, que não foi preciso competir, foi aclamado em 2007. O Congresso Nacional teve de aprovar a Lei Geral da Copa, justamente para adequar o país ao caderno de encargos assinado pelo presidente da república à época, o Lula. Em contrapartida, por um lado, o Brasil teria um legado de marca, de visibilidade mundial e de posicionamento como um país capaz de entregar, por outro, com os investimentos seu povo ganharia novos equipamentos esportivos, hotéis, aeroportos, obras de mobilidade urbana, segurança, dentre outros. Esse é o modelo global e funciona sim. Protestar é, em tese, um direito legítimo em uma democracia. Usar o potencial de mídia da Copa como alavanca até poderia ser interessante, caso tivéssemos estratégia, experiência e respeito. Uma coisa é certa, diante da iminente falta de êxito na preparação, precisamos aceitar, pelo menos, que não temos saída em fazer um pós-copa diferente, em resgatar o orgulho de ser brasileiro, ganhando ou não a bendita Copa.

Uma boa forma de desamarrar um “nó” é separar o que é causa e o que é consequência, senão vejamos: os problemas do Brasil não foram originados hoje, ontem, em 2007, nem em 2013. Convivemos com eles desde a descoberta desta terra. Os que chegaram aqui tinham um único objetivo inicial: explorar. Convivemos com problemas sociais, políticos e financeiros desde que nascemos. Então, dizer que a Copa é causa de alguma falta de investimento em áreas mais necessitas, é pura espuma para ganhar um espacinho na mídia. Além disso, em 2007 ainda, se discutiu muito o caderno de encargos da FIFA, tudo que o país deveria fazer, conceder para hospedar o evento deles, FIFA. Se cruzarmos esses dados cronológicos: problemas do Brasil, concessão do direito de hospedar a Copa e, as atrasadíssimas manifestações, veremos que a Copa é, mera consequência de uma causa enraizada nas origens desse país, portanto, honestamente, resisto em reconhecer legitimidade nas manifestações, seja pela falta de um objeto claro, seja por sua tempestividade. Além disso, direito de manifestar-se não é sinônimo de baderna, quebra-quebra, violência, etc. Resta apenas um único argumento: apelo midiático, mas este é passageiro, em 30 dias desaparece, logo.

Na verdade, o que dói mesmo em todos nós é o sentimento que a psicologia chama de ambivalência. Dois lados extremos de um mesmo sentimento que se opõem no dia a dia. No fundo, queríamos que o Brasil entregasse uma Copa maravilhosa, não para os lares mundo a fora, mas para o povo, que resgatássemos o orgulho de ser brasileiro, de saber que o país é capaz, que investiu bem, correta e honestamente, que, ao final, teremos muito a explorar com os avanços e, ainda, de lambuja, consolidamos uma imagem forte lá fora. Mas como isso poderia acontecer com tantos anos fazendo errado? Como podemos mudar o resultado se seguimos fazendo de uma forma que não funciona? Aí entra o outro lado do sentimento, raiva, repulsa, confusão entre causa e consequência. Em um passe de mágica a Copa vira vilã, a FIFA uma megera ao cobrar o que lhe foi prometido, ora, ela somente quer defender seu filho, a Copa. Repito, o Brasil aceitou as regras do jogo. Moral da historinha: estamos angustiados com vergonha de soltar o grito de apoio à seleção, torcendo ao final, para que acabe logo e que Deus proteja a todos. Mas o grande ponto é que, até lá, muito do que já está ruim pode piorar, pois a máxima de que do fundo do poço não passamos, é mentira, uma mera estratégia emocional para vermos como oportunidade, a falta de saída.

É hora de respirar fundo, torcer para o Brasil sim, afinal, se a Copa fosse na Indonésia, estaríamos todos torcendo, ou não? Além disso, se o X da questão é investir em áreas carentes, vale lembrar que o governo vem investindo em infraestrutura, escolas, saúde, rodovias, hospitais, mas vem fazendo como sempre fez, não precisa repetir, correto? E pior, vem investindo mais a cada ano. Não é a Copa que tira ou tirou dinheiro dessas áreas. Mais uma ângulo de visão que mostra que a Copa não é causa. Então vamos unir essa pouca experiência em manifestações que conquistamos para que o pós-copa seja bom para todos, que seja a grande oportunidade, que os empréstimos sejam pagos, que as arenas se reinventem a cada dia para não virarem elefantes brancos, que as obras de infraestrutura sejam feitas/terminadas afinal, por mera demanda econômica.

Quero compartilhar uma frase de um professor americano proferida em 1999: “…o brasileiro é hábil, detalhista e profundo ao identificar problemas, mas lento e mal planejado em solucioná-los…”. Naquele dia saí com raiva, mas ao longo dos anos percebi que é uma grande verdade. Por fim, convoco aos que desejarem para um exercício: vejam os duzentos primeiros posts de suas redes sociais, separem o que está sendo falado sobre a Copa, em seguida separem as reclamações, os elogios e as piadas. Ao final, façam uma análise de cada novo grupo. Posso apostar que mais de 98% do total são reclamações, muitas delas sem pé, nem cabeça, sem causa, sem consequência. Pode parecer óbvio, mas é assim para todos os temas, é mais antigo que a Copa. Para terminar: os 2% que podem ser propostas legais, tragam e vamos debater juntos. Quem topa? Vai ter Copa! E será nossa!


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